quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Videogame é uma atividade de criação e entretenimento das mais criticadas. Costuma ser taxada de desperdício, inutilidade e/ou burrice ― em geral por quem não conhece, não quer conhecer ou não procura diferenciar o joio do trigo. Da mesma forma que existem livros mal escritos, músicas horrendas e filmes desprezíveis, nos jogos há do lixo ao luxo. E pegando as definições do Houaiss acima citadas, o videogame é cultura de muita gente que nasceu por volta dos anos 80. Penso que minha geração está para o videogame como a geração que viu o nascer e florescer do cinema. Em princípio, não faço uma comparação artística, mas sim comportamental: o fato de que parte dessa minha geração cresceu integrada com uma nova mídia de entretenimento, crescendo com ela e participando seus desdobramentos. Como aconteceu com o cinema há mais de 100 anos, estamos acompanhando o desenvolvimento dos consoles, jogos, sua influência social e até em outras mídias, como a própria sétima arte: pense em Matrix, 300, Speed Racer e adaptações diretas como Final Fantasy. A jogatina esteve e continua estando integrada à nossa vida. A disseminação dos jogos eletrônicos trouxe uma profunda mudança comportamental para muita gente ― o fato de existirem estereótipos para retratá-los (como o "roqueiro drogado", o "intelectual pedante", a "modelo-e-atriz burra") já é uma prova clara de seu impacto. Há que não queira admitir, mas esse universo existe, é grande e tem seus próprios códigos e rituais. 
É uma atividade de entretenimento e, como outra qualquer, tem suas qualidades. Talvez não tenha um diálogo interessante como uma boa série, uma frase marcante de um livro, ou uma direção memorável como num filme, mas muitos têm visuais retumbantes, requerem coordenação motora, raciocínio rápido e, acreditem ou não, senso de estratégia. Também pode ser pura e simplesmente diversão ― qual o problema nisso? E não é uma atividade estritamente solitária, como muitos imaginam. O jogar junto ― em dupla ou grupo ― é costumaz. Videogame não é considerado "arte" ou "alta cultura". Um motivo pode ser a falta de críticos de jogos ― críticos num sentido mais amplo, e não comentadores da performance, jogabilidade e dificuldade. Alguém que possa descobrir algo mais neles, sutilezas e observações além do apertar de botões ou das dicas para avançar de fase. Talvez porque o assunto continue restrito à mídia (on-line e off-line) especializada. Mas muito provavelmente, como diz este texto da Esquire, porque é difícil observá-lo pelos "padrões artísticos" pelos quais são avaliados filmes, livros, músicas etc. ― e acho que nem precisa. Não é necessário tentar achar o Bergman do videogame, ou procurar traçar um (absurdo) paralelo com Dostoiévski. É outra coisa, outra mídia, outra expressão. 

  



Comprovado por vários cientistas em todo o mundo, o ato de se divertir por meio de games eletrônicos pode trazer à criança uma melhor percepção da realidade, formação de personalidade e até mesmo criatividade. Embora horas de abuso em frente ao computador ou vídeogame tenham trazido suspeitas de que eles possam causar um decaimento no desempenho do estudo, como principalmente matemática, os games proporcionam um aumento significativo na capacidade de lógica da criança. 
Nos adultos, para aliviar o stress, jogos não violentos como corrida e aventura são recomendados para diminuir a tensão e manter a pessoa, por instantes, longe de problemas que os venham a perturbar.